Após 10 meses, Justiça manda soltar motorista do Porsche amarelo acusado de perseguir, atropelar e matar motoboy em SP
31/05/2025
(Foto: Reprodução) Igor Sauceda estava preso desde 29 de julho de 2024, quando atingiu moto de Pedro Figueiredo a 102,3 km/h porque ele quebrou retrovisor de carro de luxo. Motociclista morreu. Justiça atendeu pedido da defesa que alegou que empresário não ameaçou testemunhas. Igor Sauceda (à esquerda) foi acusado de usar seu Porsche amarelo para atropelar e matar motociclista Pedro Figueiredo (à direita) em São Paulo
Reprodução
Após dez meses, a Justiça soltou nesta semana o motorista do Porsche amarelo que estava preso por perseguir, atropelar e matar um motoboy em 2024 em São Paulo.
Em contrapartida, ele terá de usar tornozeleira eletrônica, ficará com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) suspensa, está proibido de deixar a capital paulista por mais de uma semana sem avisar a Justiça, também não poderá sair do Brasil, devendo entregar o seu passaporte.
A decisão é de sexta-feira (30) (saiba mais abaixo por quais motivos a Justiça mandou soltá-lo).
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O empresário Igor Ferreira Sauceda, de 28 anos, estava detido preventivamente pelo assassinato de Pedro Kaique Ventura Figueiredo em 29 de julho. O condutor do carro de luxo atingiu a moto da vítima por trás a 102,3 km/h na Avenida Interlagos, na Zona Sul de São Paulo, segundo laudo pericial.
A velocidade máxima permitida para a via é de 50 km/h. Câmeras de segurança gravaram o momento em que o Porsche persegue o motoboy e o derruba. O motivo: instantes antes, o motoboy havia quebrado o retrovisor do lado do condutor do automóvel esportivo (veja vídeo abaixo.)
O motoboy chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos e teve a morte confirmada num hospital. Ele sofreu politraumatismo e hemorragia cerebral, segundo o Instituto Médico Legal (IML). A vítima tinha 21 anos. Segundo a perícia, Pedro tinha ingerido bebida alcoólica momentos antes de pilotar sua moto.
Motivos da soltura
Justiça mantém motorista de carro de luxo preso
A 3ª Vara do Júri concordou com o pedido da defesa do réu, que alegou que seu cliente não ameaçou testemunhas e colaborou com a investigação da polícia _antes, esses eram alguns dos argumentos usados pelo Ministério Público (MP) para pedir à Justiça a manutenção da prisão de Igor.
Igor havia sido levado detido ao Centro de Detenção Provisória (CDP) de Guarulhos, na região metropolitana. Por meio de nota, a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) confirmou que Igor deixou a unidade prisional neste sábado (31):
"A Secretaria da Administração Penitenciária informa que a pessoa citada deixou hoje o Centro de Detenção Provisória II de Guarulhos em virtude de revogação da prisão preventiva expedida pelo Poder Judiciário", informa o comunicado.
Procurado para comentar o assunto, o advogado Carlos Bobadilha Garcia Neto, informou por meio de nota que "a defesa pede a compreensão de todos e esclarece que nāo vai se manifestar nesse momento, limitando sua atuação seguindo estritamente o devido processo legal."
Em outras ocasiões, os advogados de Igor alegaram que o atropelamento de Pedro foi um acidente. E que, por esse motivo, o motorista tem de responder a processo por homicídio culposo, sem intenção de matar.
Réu responderá em liberdade
Motorista de Porsche que matou motociclista em SP já foi acusado de perseguição
Em fevereiro deste ano a Justiça havia marcado a audiência de instrução do caso no Fórum Criminal da Barra Funda, Zona Oeste da capital. Essa etapa do processo serve para ouvir testemunhas e depois interrogar o réu, que agora responderá em liberdade. Após isso, será decidido se ele irá ou não a júri popular pelo crime.
De acordo com a acusação feita pelo Ministério Público, Igor teve a intenção de matar Pedro. A Promotoria o acusa por homicídio doloso triplamente qualificado por motivo fútil, emprego de meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima.
A Promotoria chegou a pedir à Justiça um "valor mínimo de indenização a ser pago aos familiares da vítima". Isso porque, de acordo com o MP, "Pedro era casado e sua esposa estava grávida na data do crime".
O MP também sugeriu que o motorista do Porsche seja condenado a mais de 18 anos de prisão.
Fantástico ouve testemunha que viu Porsche perseguir motociclista em São Paulo
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