Avó diz que se escondeu no guarda-roupa com criança trocada quando soube da notícia
09/12/2024
Silvânia Hilário e Isabel Flores, de 56 anos, avó da outra criança, prestaram depoimento à Polícia Civil nesta quarta-feira (9). Além delas, o advogado Márcio Rocha também foi ouvido. Meninos foram trocados após o nascimento em hospital de Inhumas, Goiás, denunciam pais
Reprodução/Arquivo Pessoal
A avó de um dos bebês trocados no Hospital da Mulher, em Inhumas, na Região Metropolitana de Goiânia, relatou que, ao ser informada pela filha sobre a situação, se escondeu com a criança dentro de um guarda-roupa. Silvânia Hilário, de 42 anos, mãe de Yasmin da Silva, afirmou que é responsável por cuidar do neto enquanto a filha trabalha.
“Eu surtei. No momento de ansiedade, a gente imagina muita coisa. Eu chorava, tinha muito medo. Peguei meu neto e fui para dentro do guarda-roupa”, relatou Silvânia.
Silvânia Hilário e Isabel Flores, de 56 anos, avó da outra criança, prestaram depoimento à Polícia Civil nesta quarta-feira (9). Além delas, o advogado Márcio Rocha também foi ouvido. O profissional, que também é pastor da igreja frequentada por um dos casais, tem acompanhado as famílias desde o início do caso.
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Em nota, a administração do Hospital da Mulher informou que está oferecendo todas as informações e documentos necessários para investigação e que tem todo interesse em esclarecer os fatos - confira a nota na íntegra ao final do texto.
Silvânia Hilário, de 42 anos, avó de criança trocada em Inhumas, Goiás
Rodrigo Melo/g1 e Reprodução/Arquivo Pessoal
Segundo o advogado Márcio Rocha, os detalhes das declarações prestadas durante os depoimentos não foram divulgados para preservar o andamento das investigações. Ele destacou que as famílias devem passar por acompanhamento psicológico.
Em entrevista, Silvânia Hilário destacou a conexão com a criança criada pela família, que é seu primeiro neto. “É meu neto. Cada batida do meu coração pertence a ele”, afirmou.
Entenda o caso
Bebês foram trocados após o nascimento em hospital de Inhumas, Goiás, denunciam pais
Gilmara Roberto
Os bebês nasceram no dia 15 de outubro de 2021, um às 7h35 e o outro às 7h49, conforme relataram as famílias. Os partos foram realizados por equipes médicas distintas. Os pais afirmaram que não puderam acompanhar o nascimento dos filhos devido às restrições impostas durante o período da pandemia de Covid-19.
A troca foi descoberta após um dos casais se separar, pois Cláudio Alves solicitou um exame de DNA para comprovar a paternidade do filho. A ex-mulher, Yasmin Kessia da Silva, de 22 anos, também quis fazer o exame. “Se ele não fosse filho do Cláudio, também não era meu”, disse.
O exame foi realizado no dia 31 de outubro de 2024 e o laboratório pediu uma contraprova, que indicou que a criança não era filha de Yasmin nem de Cláudio.
“Eles disseram que o sangue do meu filho não era compatível com o meu. Eu pensei que era um erro. Mas veio a contraprova”, disse Yasmin.
A jovem se lembrou da família que estava no mesmo dia do nascimento do filho e conseguiu contato com eles por meio de um pastor. Após ela entrar em contato e contar o que houve, Isamara Cristina Mendanha, de 26 anos, e Guilherme Luiz de Souza, 27 anos, também fizeram o exame de DNA com o filho, que apresentou incompatível.
As famílias ainda não têm a prova de que o filho biológico de Yasmin está com a família de Isamara. Ao g1, Cláudio afirmou que não fizeram a comprovação da paternidade dos pais biológicos porque precisa de autorização judicial. O pedido à Justiça já foi feito, mas não foi avaliado até esta segunda-feira (9).
Foto mostra que um dos bebês trocados em maternidade tinha pulseira de identificação
As famílias disseram que as mães não tiveram nenhum acompanhamento durante o parto. Elas só se lembram de ver os filhos no quarto, depois que passou o efeito da anestesia. Nenhuma delas se lembra se havia pulseiras de identificação nas crianças, mas uma foto tirada logo após o parto mostra o filho de Yasmin com um bracelete (veja acima).
A jovem disse que passou mal durante o parto e não se lembra do que aconteceu na sala de recuperação. “Eu acordei e o bebê já estava do meu lado, minha mãe estava dentro do quarto. Eu me lembro de relances”, narrou Yasmin.
Já Isamara disse que chegou ao quarto antes do bebê, que foi levado até ela logo em seguida. “Eu levei a primeira roupinha do meu primeiro filho para colocar no segundo. E para mim, veio tudo certo [a roupinha do bebê]”, contou.
O marido de Isamara afirmou que sente que faltou cuidado e respeito com as famílias por parte do hospital, que recebeu a confiança deles.
“É um pesadelo. Eu acho que ninguém deveria passar por isso. Esse é um erro que os profissionais da saúde jamais deveriam cometer”, afirmou Guilherme.
Hospital em Inhumas, Goiás, que pais denunciam ter trocado bebês em 2021
Gilmara Roberto
Nota na íntegra do Hospital da Mulher
"No momento o hospital não irá se pronunciar até que as investigações sejam concluídas. Como o caso está sob investigação policial e tramita em sigilo por envolver menores de idade, o hospital está legalmente impedido de fornecer informações acerca do caso à imprensa, em obediência à Lei Geral de Proteção de Dados."
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