Diretor-presidente do Ipaam é exonerado após operação da PF revelar prejuízo de R$ 1 bilhão em esquema de créditos de carbono
09/12/2024
Segundo as investigações, os servidores do Ipaam facilitavam práticas ilegais, como licenças ambientais fraudulentas e autorizações irregulares para desmatamento, causando prejuízo de R$ 1 bilhão. Diretor-presidente do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), Juliano Valente
Divulgação
O diretor-presidente do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), Juliano Valente, foi afastado nesta segunda-feira (9), após a Polícia Federal deflagrar uma operação de combate à corrupção no órgão. Segundo as investigações, servidores do Ipaam usavam seus cargos para facilitar práticas ilegais, como emissão de licenças ambientais fraudulentas, suspensão de multas e autorizações irregulares para desmatamento, resultando em um prejuízo estimado de R$ 1 bilhão.
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O g1 entrou em contato com o Ipaam para saber quais servidores, além do diretor-presidente, foram alvos da operação e quais medidas serão adotadas em decorrência dela. Até a publicação desta matéria, não obteve resposta.
De acordo com a PF, os envolvidos já haviam sido indiciados em 2019 durante a Operação Arquimedes, que investigou crimes semelhantes. Nesta fase, estão sendo cumpridos mandados de busca e apreensão, além de prisões preventivas, expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal de Manaus, como parte das ações para desarticular o esquema criminoso.
Operação ocorreu em três estados simultaneamente
Divulgação/PF
Por meio de nota, o Governo do Amazonas informou que se colocou à disposição para prestar as informações necessárias e auxiliar as autoridades no esclarecimento dos fatos. O Estado ressaltou que não compactua com quaisquer práticas ilícitas de seus servidores e, por isso, os envolvidos na operação foram afastados e exonerados de seus cargos.
"O Governo do Amazonas reitera que todas as atividades desenvolvidas pelos órgãos estaduais são pautadas na transparência e legalidade em suas ações", disse a nota.
Operação Greenwashing
A ação policial desta segunda-feira é um desdobramento da 'Operação Greenwashing' já havia revelado um esquema de fraudes fundiárias que se estendeu por mais de uma década e foi iniciado em Lábrea, no sul do Amazonas, envolvendo a duplicação e falsificação de títulos de propriedade. Essas ações criminosas resultaram na apropriação ilegal de cerca de 538 mil hectares de terras públicas.
Ainda segundo a PF, entre 2016 e 2018, a organização criminosa expandiu suas atividades ilícitas, reutilizando títulos de propriedade e inserindo dados falsos no Sistema de Gestão Fundiária (SIGEF), com a colaboração de servidores públicos e responsáveis técnicos.
Nos últimos três anos, uma nova expansão das atividades ilícitas do grupo ocorreu na região de Apuí e Novo Aripuanã, ambos os municípios do interior do Amazonas.