Pela primeira vez, estudo do Inpe cruza dados de satélite com relatos de quem enfrenta o fogo de perto
17/10/2025
(Foto: Reprodução) Estudo do INPE revela influência das mudanças climáticas nos incêndios mais extremos
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais está analisando as causas da rapidez e do vigor com que o fogo tem se espalhado.
Algumas regiões do país arderam como nunca. Foi o que constatou um estudo inédito do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) ao analisar os dados de incêndios em todos os estados brasileiros.
Em 2024, o fogo destruiu 246 mil km² - uma área equivalente ao estado de São Paulo. Quase a metade dos focos se concentrou na Amazônia. No estado do Amazonas, a área queimada passou de 9 mil km². No Pará, ultrapassou os 36 mil km². Foi a maior área destruída pelo fogo nos dois estados desde o início da série histórica em 2002.
A coordenadora do estudo explica que as mudanças climáticas tiveram influência direta na expansão dos incêndios:
“Nesse último relatório, a gente contabilizou que as mudanças climáticas podem ter amplificado em até 30 vezes a extensão da área queimada aqui na América do Sul”, afirma a pesquisadora do Inpe Liana Anderson.
Os dados mostram que no Amazonas, a temperatura média em 2024 ficou 2,75ºC acima da média. O calor excessivo somado à seca severa ampliou a força do fogo.
“Infelizmente, a gente vê que o fogo vem ganhando espaço, literalmente, aumentando a sua extensão nas regiões mais úmidas do país”, diz Liana Anderson.
Pela primeira vez, um estudo do Inpe cruzou os dados de satélite com relatos de quem enfrenta o fogo de perto. A pesquisa revela não só o avanço dos incêndios, mas também os impactos sobre os profissionais que combatem as chamas. Ao longo de 2024, quase 81 mil pessoas entre bombeiros, brigadistas e voluntários atuaram no combate aos incêndios. A experiência de quem se arrisca para acabar com as chamas é importante para deixar as ações de prevenção mais eficientes.
“Enxergar com todo esse trabalho de mapeamento que o Inpe é capaz de fazer, com certeza vão ser resultado favorável com mais ações de prevenção e com certeza menos ações de resposta se necessárias”, diz Tenente-coronel Leonardo Rodrigues Congro, vice-presidente do Comitê Nacional de Assuntos Institucionais do Conselho Nacional de Comandantes Gerais dos Corpos de Bombeiros.
O Ministério do Meio Ambiente declarou que tem articulado ações com estados e municípios e que a contratação de brigadistas ajudou a reduzir em 72% as áreas degradadas neste ano.
O Governo do Pará afirmou ter adotado medidas de prevenção, monitoramento e combate ao fogo, que resultaram na queda de 85% nos focos de incêndio de julho a setembro deste ano.
O Jornal Nacional não teve retorno do Governo do Amazonas.
Pela primeira vez, estudo do Inpe cruza dados de satélite com relatos de quem enfrenta o fogo de perto
Reprodução/TV Globo
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