Um por semana: feminicídios disparam na região de Campinas e especialista analisa aumento da violência

  • 17/12/2025
(Foto: Reprodução)
Jovem de 21 anos é morta com tiro no rosto em Hortolândia; companheiro é suspeito A morte de Rayana Raissa Albuquerque de Matos, baleada na cabeça pelo companheiro, em Hortolândia (SP), é um novo capítulo na triste história da violência contra as mulheres na reta final de 2025. Desde outubro, 12 mulheres foram vítimas de feminicídio na região de Campinas, o que representa, em média, um caso por semana. O número de ocorrências já havia superado o total de 2024 há menos de uma semana. Mas o que explica esse crescimento? Por que essa aceleração no último trimestre? E o que fazer para evitar o crime? A advogada criminalista Erika Chioca Furlan diz não ver uma explicação plausível para a alta dos casos especificamente no fim do ano, mas destaca um fator que deve ser considerado: "É uma época de muito estresse financeiro e familiar, em que se vende muito a felicidade de uma família perfeita", diz. Doutoranda em ciências sociais pela Unicamp, professora de direito processual penal e ex-delegada de polícia do estado de São Paulo, Erika explica que algumas teorias mostram que o aumento da violência surge como resposta do público masculino em reverter avanços dos direitos e da igualdade de gênero. Aliado a isso, o consumo de conteúdo de ódio às mulheres nas redes sociais, avalia, transforma esse cenário em uma "bomba perfeita", que ao menor gatilho, ou momento de raiva, "o homem se sente autorizado a xingar, agredir, matar". "A grosso modo, quanto mais direitos e garantias, mais violência (...). O avanço em direitos e garantias para as mulheres incomoda o público masculino hétero, porque hoje a mulher não aceita mais qualquer tipo de relacionamento (...) Antigamente, a mulher estava apenas em espaços privados e acabava, em razão de uma submissão forçada, aceitando o relacionamento que havia, que era possível. Hoje, depois de muita luta e libertação, as mulheres tem escolhas, e muitas delas escolhem não mais aceitar as microviolências diárias, colocando fim em relacionamentos abusivos e tóxicos", ressalta. Segundo a análise da especialista, a ascenção da extrema direita ampliou a insegurança, uma vez que disseminou uma visão que "praticamente autorizou colocar a mulher no seu mulher", e destacou que é preciso enfrentamento para combater essa violência. Quanto mais violência, mais enfrentamento, mais luta. Não vão conseguir nos calar ou mudar o percurso da história para o progresso e a real libertação das mulheres." Rayana Raissa Albuquerque de Matos foi atingida na têmpora do lado direito, onde a bala ficou alojada, em Hortolândia (SP). Arquivo pessoal O que fazer? Para a advogada criminalista, não existe milagre ou solução imediata para enfrentar ou evitar o feminicídio. "O que existe é trabalho árduo, constante, de conscientização masculina, infantil, adolescente e adulta", defende Erika. "Veja que não adiantou em nada o aumento da pena para o feminicídio, a criação de um pacote antifeminicídio, porque o problema não está na punição. Se precisar punir, o Estado já falhou. O importante é sempre prevenir, o que é muito difícil numa sociedade em que o machismo é estrutural e a disseminação de grupos conservadores misóginos alimentam o imaginário e o ideário de homem macho varão provedor e mulher submissa", afirma Erika. A professora de direito processual penal defende que um movimento importante seria conter o consumo de conteúdos misóginos por homens, além de fazer com que grupos de mensagens e redes sociais não sejam utilizados para veicular "conteúdos que retratem a mulher como um objeto ou pedaço de carne". 🔎 Misoginia é uma atitude caracterizada pelo desprezo e pela violência — psicológica ou física — contra as mulheres, podendo se manifestar em comportamentos de controle e humilhação. LEIA TAMBÉM 'Tanto que eu falei para você, Ra': amigas lamentam morte de jovem baleada pelo companheiro 'Tanto que eu falei para você, Ra': amigas homenageiam jovem morta com tiro na cabeça em Hortolândia Reprodução Onde ocorreram? Um levantamento nas 31 cidades da área de cobertura do g1 Campinas mostra que 10 delas registraram casos de feminicídio em 2025. Foram 24 até esta terça-feira (16). A metrópole, com 8 vidas perdidas, é a cidade que concentra o maior número de vítimas. Campinas (8) Mogi Guaçu (5) Hortolândia (4) Americana, Artur Nogueira, Indaiatuba, Itapira, Monte Mor, Paulínia e Serra Negra (1) Em 2024, Campinas também concentrou a maioria dos 22 casos registrados em nove municípios, com nove vítimas. As demais foram em Americana (3), Indaiatuba (3), Sumaré (3), Artur Nogueira (1), Holambra (1), Jaguariúna (1), Paulínia (1) e Socorro (1). Entre 15 a 74 anos As vítimas de feminicídio na região de Campinas em 2025 tinham entre 15 e 74 anos. Em pelo menos 14 dos casos, as mulheres foram assassinadas dentro de casa - assim como Rayana, baleada em casa pelo companheiro. LEIA TAMBÉM Homem esfaqueou ex-companheira após ela deixar filha do casal na escola em Indaiatuba Homem mata mulher a facadas no Jardim São Marcos, em Campinas Homem armado invade casa da ex-namorada e mata os pais dela para se vingar, diz Polícia Civil Grávida de oito meses é morta pelo companheiro em Campinas Mulheres vítimas de feminicídio na região de Campinas em 2025: número de casos já superou o total de 2024 Reprodução VÍDEOS: tudo sobre Campinas e região Veja mais notícias sobre a região no g1 Campinas

FONTE: https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2025/12/17/um-por-semana-feminicidios-disparam-na-regiao-de-campinas-e-especialista-analisa-aumento-da-violencia.ghtml


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