Brasileiro vive sem sinais do HIV após tratamento inovador: 'Achava impossível'

  • 09/09/2025
(Foto: Reprodução)
Pesquisa, liderada por brasileiros, aponta novo caminho para os tratamentos do HIV Mais de 800 mil pessoas vivem com HIV no Brasil, segundo o Ministério da Saúde, e recebem tratamento gratuito pelo SUS. Mas uma pesquisa inédita liderada por cientistas brasileiros pode abrir caminho para uma nova forma de tratamento mais eficaz. Um voluntário do estudo, que prefere não se identificar, ficou conhecido como "Paciente de São Paulo". Ele contraiu o vírus em 2012 e desde então fazia uso do coquetel convencional. Em 2016, aceitou participar de uma pesquisa coordenada pelo infectologista Ricardo Sobhie Diaz, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Três anos depois, veio a notícia inesperada: “Ele falou que eu estava curado. Aí eu falei: 'como curado?'. Eu achava impossível. Eu falei: 'eu quero fazer o exame de novo, eu quero fazer o exame do sangue'. E eu fiz o exame na frente da médica, mais três enfermeiras na sala e elas começaram a chorar porque ninguém acreditou. E repetiu o exame e não dava nada. Eu não tinha mais o vírus do HIV no meu sangue", contou. Até hoje, apenas sete pessoas no mundo foram consideradas curadas do HIV. A pesquisa da Unifesp é a primeira a alcançar resultados promissores apenas com medicamentos. "Falaram que eu teria que tomar uma medicação por um tempo para fazer um estudo. E aí quando foi em 2019 ele me chamou, falou 'eu tenho um resultado para você. É uma coisa que esperamos muito para isso acontecer e nós estamos muito felizes'. Eu fiquei dois anos sem tomar medicação. Quando nós suspendemos, eu engordei, coisa que não acontecia nunca. A minha pele mudou, peguei cor, parecia um bronzeado novo", contou o Paciente de São Paulo. Tratamento inovador O tratamento inovador da Unifesp consiste na combinação do coquetel convencional com três medicamentos adicionais, que atacam e eliminam células onde o HIV se esconde. Além disso, outros medicamentos “acordam” o vírus adormecido para que o próprio coquetel o destrua — algo que os tratamentos atuais não conseguem fazer. “Também fizemos uma terapia celular, como uma vacina. Pegamos o vírus da própria pessoa, modificamos em laboratório e reintroduzimos no corpo. Assim, ela aprende a combater o vírus e principalmente a combater aquelas células que têm o vírus e que, ficam escondidos no corpo com vírus dormindo”, explicou Diaz. Essa combinação de terapias também fortalece o sistema imunológico e mantém o vírus sob controle por longos períodos, mesmo sem medicação. Durante 78 semanas — cerca de um ano e meio — o paciente deixou de ter anticorpos detectáveis, como se nunca tivesse tido o vírus. Outros dois voluntários também tiveram o vírus controlado sem medicamentos, mas por menos tempo. Remissão ou cura funcional? Apesar dos avanços, os pesquisadores evitam usar o termo “cura” e preferem “remissão” ou “cura funcional”. “O HIV dessas pessoas não foi erradicado, ele ainda existe em alguns locais, mas o objetivo principal seria manter o indivíduo com carga viral indetectável, ou seja, a doença não progride, ele não transmite, mesmo sem o uso de medicação", explicou Alexandre Naime Barbosa, coordenador científico da Sociedade Brasileira de Infectologia. Segundo o doutor Ricardo, o paciente de São Paulo foi além do controle do HIV. "Além da carga viral indetectável e da ausência do vírus nas células na forma que a gente procurava, os anticorpos do vírus sumiram. A pessoa quando se cura do HIV, negativa esses anticorpos, que foi o que aconteceu com essa pessoa que estava no nosso estudo". O resultado da pesquisa foi publicado em agosto em uma revista científica conceituada no meio acadêmico. O que é a remissão do HIV e por que é tão difícil se curar do vírus? Próximos passos e prevenção O doutor Ricardo explica a próxima etapa do estudo. "A próxima etapa é a gente usar o mesmo tipo de estratégia de forma ajustada, combinando todas as intervenções e mudando a duração de algum tratamento, a duração de algum tipo de medicamento, a quantidade de medicamento e esperar, com um número maior de pessoas, que a gente confirme os resultados que a gente teve anteriormente". Outra novidade no combate ao HIV já está disponível nas farmácias brasileiras: uma injeção capaz de prevenir a infecção pelo vírus de forma mais efetiva que os comprimidos. "Essa medicação injetável cada dois meses é superior em relação aos comprimidos orais, entre 66 até 89% a depender da população que estejamos falando", disse o coordenador científico da Sociedade Brasileira de Infectologia, Alexandre Naime Barbosa. Apesar de os comprimidos estarem disponíveis no SUS, a injeção, com alto custo, ainda não foi incorporada ao sistema público. De acordo Ministério da Saúde, a inclusão do novo medicamento ao SUS está sendo avaliada. Infelizmente no Brasil entre 40 a 50 mil pessoas todo ano se infectam pelo HIV e cerca de 9 a 10 mil ainda morrem por conta de aids. O que nós temos é que ter paciência, a ciência tem o seu ritmo, mas as pesquisas estão cada vez mais avançando", concluiu Barbosa. Pesquisa, liderada por brasileiros, aponta novo caminho para os tratamentos do HIV Reprodução/TV Globo Ouça os podcasts do Fantástico ISSO É FANTÁSTICO O podcast Isso É Fantástico está disponível no g1 e nos principais aplicativos de podcasts, trazendo grandes reportagens, investigações e histórias fascinantes em podcast com o selo de jornalismo do Fantástico: profundidade, contexto e informação. Siga, curta ou assine o Isso É Fantástico no seu tocador de podcasts favorito. Todo domingo tem um episódio novo. PRAZER, RENATA O podcast 'Prazer, Renata' está disponível no g1 e nos principais aplicativos de podcasts. 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FONTE: https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2025/09/09/brasileiro-vive-sem-sinais-do-hiv-apos-tratamento-inovador-achava-impossivel.ghtml


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